VANESSA TARABAL

(1983 – nasceu em Itaúna, Minas Gerais)
Vive e trabalha em Divinópolis, MG.
Poeta, psicóloga/psicanalista graduada em Saúde Mental e Psicanálise pela PUC/MG.

MELLO, Regina.  Antologia de Ouro IV.  Museu Nacional da Poesia / Organização Regina Mello.  Belo Horizonte,  Arquimedes Edições, 2016.   160 p.  15 x 21 cm.  ISBN 978-85-89667-56-2
Ex. bibl. Antonio Miranda, enviado pela editora.

Um laço de velha infância

Não sei se te espero sentada ou se corro atrás de você
Tem dia que dá vontade de voltar a ser criança
Esquecer dessa louca mania de achar dúvida para tudo
Uma criança olha os brinquedos e ignoram os adultos
Quando querem colo choram por seus pais e já não querendo,
saem a brincar de novo
Aquela bicicleta velha significa o meu ontem, o meu hoje
e o meu amanhã
Isto talvez, por entender que as horas ou propriamente o
tempo,
simplesmente não existe mais a partir do segundo passado
prontamente no relógio.
Colorir aquelas folhas em pequenos rabiscos sem noção
Todos batem palmas
E ainda assim continuar a aprender a circular direito um
pequeno desenho
Ah! Minha criança em mim...
Ela vai e volta quando quiser
De vez em quando some e reaparece em momentos impossíveis
Já não poderei correr mais como criança
Talvez nem andar de bicicleta
Mas lembrarei desse minha criança que existe em mim,
simplesmente, porque deixei outra coisa no lugar.

Amigos e amores de marte

Nos contornos de um rabisco
Assim adquiro vontade
Que por ingenuidade amigos eu fiz
Uns de longa data
Outros de longa infância
Outros de outrora rápido conquistei
Alguns que nem mesmo sei onde
Amigos eternos
Amigos de marte
Na arte do amigo que amei
A cada dia busquei
Num abraço apertado
Um afago encostado
Em breve recomeço me servi de amá-los
E quando a vida me fez cair, lá estavam eles à
beira do leito
Que de amor me encheu o peito
E de jeito de amor
Vivi de novo

MELLO, Regina.  Entre o Samba e o Tango.  Organização: Regina Mello e Olga Valeska.     Belo Horizonte, MG: Munap e Arquimedes, 2018.   160 p.   15 x 21 cm.  Diagramação e arte final: Eugênio Daniel Venâncio. Fotos: Israrel Ferreira. Produção Museu Nacional de Poesia.    ISBN  978-85-89667-57-9  
 Ex. bibl. Antonio Miranda, enviado por Regina Mello.

Falta

É possível superar a falta
Presenças faltosas de faltar em mim não sei se tive
Sua falta-presença de estar sentindo que não pode
fazer tanta falta o
que não se pode esquecer
Esquecer do resto
Da perda que não perdeu lugar
Só se fez encontrar, por fazer falta.



Vai a – mar

Diante do mar somos um pouco peixes em nadar em
águas baixas
Um frio constante
Uma luz que não se enxerga
um corpo que dança e sossega
Diante do mar um pouco loucos de fazer tão pouco
para
trazer de volta o que ele mesmo levou
Vai a – mar
Vai ser mar
Mar, eu não sei ser

*

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Página publicada em fevereiro de 2021